156.



Hoje, mais uma vez , senti a necessidade de te escrever. A ti e ao mundo. Sobre ti, sobre nós. Sobre a história mais bonita e mais forte que o mundo conhece. Não só por ser nossa, como por ser mágica.
Todos os dias recordo aquela noite de 2007, em que éramos apenas dois desconhecidos com muita vontade de sermos um do outro. Nessa noite deixamo-nos perder debaixo da lua cheia. Perdemo-nos nas ruelas da cidade. E eu deixei que me conhecesses. Sem filtros, sem racionalidade. Deixei que entrasses na minha vida. E quando percebi, algo muito forte já me ligava a ti. O meu coração era teu. Mas o tempo, e a imaturidade, quiseram separar-nos. E doeu. Mas hoje percebo que não podia ter sido de outra maneira. Crescemos. Tornámo-nos naquilo que somos hoje. Vivemos o que tínhamos que viver. Não deixámos nada por fazer. E confesso-te que não sonhava sequer, voltar a cruzar-me no teu caminho... Mas como o destino é infalível, acabei por ir literalmente contra ti naquelas escadas, daquela que será para sempre a nossa escola . E aí, tudo ao nosso redor parou. Ficámos ali, intactos, a olhar um para o outro. A ver toda a nossa história em segundos . A reviver cada sorriso, cada lugar , cada traço , cada detalhe . E ironicamente, foram as minhas palavras que nos voltaram a unir. Porque o amor estava lá. Como sempre. Nada tinha mudado. Nada se tinha desfeito.
Parecia tudo perfeito. Até que, meses depois, o mundo e as pessoas nos separaram de novo. E aí voltou a doer. A doer muito. Desta vez mais. Talvez porque nessa altura tinha sonhos mais claros, tinha planos mais estruturados no meu coração em relação a nós. Mas mesmo assim, lutei. Lutei muito. Por ti. Por nós. Lutei o que consegui, com tudo o que tinha . Mas não chegou. 
E eu juro-te, que no dia em que decidi seguir em frente, achei que não voltaria a cruzar-me no teu caminho. O tempo passou, e voltámos a crescer em sentidos opostos. A aprender a ser, sozinhos. Voltámos a descobrir o que queríamos para nós. E aquilo que não queríamos de maneira nenhuma. Pontualmente falávamos, palavras pontuais de quem um dia se amou. Tentávamos convencer-nos de que éramos passado na vida e no coração um do outro. Porque afinal, tinha jurado a mim mesma que não voltaria a ter-te. Que não voltaria a entregar-te o melhor de mim. Mas pediste-me um abraço. E eu, ironicamente, apertei-te contra mim. E naquela noite senti o que não sentia há anos . Senti que nunca tinha saído desse lugar onde tudo sempre fez sentido . Bastou um abraço . O nosso abraço . Aquele que sempre foi e sempre será a nossa casa . Aquele que me afoga os medos e me protege de mim . Aquele onde sempre senti que seria eternamente o meu lugar . Recuámos 10 anos. Recuámos até ao primeiro olhar, ao primeiro beijo e à primeira noite. Os nossos corpos entraram em ebulição, e encaixaram na perfeição . A nossa pele ficou arrepiada. E aí o meu coração acelerado, sussurrou-te: “Bem-vindo meu amor . Ainda bem que voltaste .. ”. Porque nada mais tínhamos dentro de nós senão saudade. Tínhamos tanta saudade de tudo o que fazia parte de nós . Tínhamos tanta saudade do laço e do amor que nunca foi desfeito. Tantas saudades de nós. E fomos ficando. Naquele dia, no seguinte e no outro. Fomos ficando até hoje. Porque assim o coração mandou . Fomos ficando porque nos queremos. Porque nos amamos. E porque é no abraço apertado um do outro, que nos sentimos verdadeiramente livres.


Irónico não é?

Da tua Béll . 💛