Hoje, mais uma vez , senti a necessidade de te escrever. A ti e ao mundo. Sobre
ti, sobre nós. Sobre a história mais bonita e mais forte que o mundo conhece.
Não só por ser nossa, como por ser mágica.
Todos os dias recordo aquela noite de 2007, em que éramos apenas dois desconhecidos
com muita vontade de sermos um do outro. Nessa noite deixamo-nos perder debaixo
da lua cheia. Perdemo-nos nas ruelas da cidade. E eu deixei que me conhecesses.
Sem filtros, sem racionalidade. Deixei que entrasses na minha vida. E quando
percebi, algo muito forte já me ligava a ti. O meu coração era teu. Mas o tempo,
e a imaturidade, quiseram separar-nos. E doeu. Mas hoje percebo que não podia
ter sido de outra maneira. Crescemos. Tornámo-nos naquilo que somos hoje.
Vivemos o que tÃnhamos que viver. Não deixámos nada por fazer. E confesso-te
que não sonhava sequer, voltar a cruzar-me no teu caminho... Mas como o destino
é infalÃvel, acabei por ir literalmente contra ti naquelas escadas, daquela que
será para sempre a nossa escola . E aÃ, tudo ao nosso redor parou. Ficámos ali,
intactos, a olhar um para o outro. A ver toda a nossa história em segundos . A
reviver cada sorriso, cada lugar , cada traço , cada detalhe . E ironicamente,
foram as minhas palavras que nos voltaram a unir. Porque o amor estava lá. Como
sempre. Nada tinha mudado. Nada se tinha desfeito.
Parecia tudo perfeito. Até que, meses depois, o mundo e as pessoas nos
separaram de novo. E aà voltou a doer. A doer muito. Desta vez mais. Talvez
porque nessa altura tinha sonhos mais claros, tinha planos mais estruturados no
meu coração em relação a nós. Mas mesmo assim, lutei. Lutei muito. Por ti. Por
nós. Lutei o que consegui, com tudo o que tinha . Mas não chegou.
E eu juro-te, que no dia em que decidi seguir em frente, achei que não voltaria
a cruzar-me no teu caminho. O tempo passou, e voltámos a crescer em sentidos
opostos. A aprender a ser, sozinhos. Voltámos a descobrir o que querÃamos para
nós. E aquilo que não querÃamos de maneira nenhuma. Pontualmente falávamos, palavras
pontuais de quem um dia se amou. Tentávamos convencer-nos de que éramos passado
na vida e no coração um do outro. Porque afinal, tinha jurado a mim mesma que não voltaria a ter-te. Que não
voltaria a entregar-te o melhor de mim. Mas pediste-me um abraço. E eu,
ironicamente, apertei-te contra mim. E naquela noite senti o que não sentia há
anos . Senti que nunca tinha saÃdo desse lugar onde tudo sempre fez sentido .
Bastou um abraço . O nosso abraço . Aquele que sempre foi e sempre será a nossa
casa . Aquele que me afoga os medos e me protege de mim . Aquele onde sempre
senti que seria eternamente o meu lugar . Recuámos 10 anos. Recuámos até ao
primeiro olhar, ao primeiro beijo e à primeira noite. Os nossos corpos entraram
em ebulição, e encaixaram na perfeição . A nossa pele ficou arrepiada. E aà o
meu coração acelerado, sussurrou-te: “Bem-vindo meu amor . Ainda bem que
voltaste .. ”. Porque nada mais tÃnhamos dentro de nós senão saudade. TÃnhamos
tanta saudade de tudo o que fazia parte de nós . TÃnhamos tanta saudade do laço
e do amor que nunca foi desfeito. Tantas saudades de nós. E fomos ficando.
Naquele dia, no seguinte e no outro. Fomos ficando até hoje. Porque assim o
coração mandou . Fomos ficando porque nos queremos. Porque nos amamos. E porque
é no abraço apertado um do outro, que nos sentimos verdadeiramente livres.
Irónico não é?
Da tua Béll .